SEBIN, A ECLÉTICA PRISÃO POLÍTICA DE MADURO
CARACAS - A
metade dos presos por pensar diferente na Venezuela está na sede da polícia
política em Caracas. Jovens, estudantes, mulheres e profissionais ficam juntos
nas celas, enquanto tribunais sem juízes, atas engavetadas e causas enraizadas
fora da capital atrasam os processos de 40 pessoas detidas no Serviço
Bolivariano de Inteligência (Sebin). De 86 presos por motivos políticos, 40
estão nessa instituição e 37 foram detidos desde que Nicolás Maduro assumiu o
poder, em 2013; cinco são mulheres e nove, estudantes. A média de idade dos
detidos de Maduro no Sebin é de 30 anos. Os irmãos Otoniel, Rolando e Juan
Bautista Guevara são os presos políticos mais antigos do local. De seus dez
anos de detenção, oito foram cumpridos em Helicoide, como também é conhecida a
sede do Serviço Secreto venezuelano. São os únicos presos da época de Hugo
Chávez e foram acusados e condenados pelo assassinato do promotor Danilo
Anderson. Os mais recentes, mas igualmente conhecidos da opinião pública, são
Lorent Saleh, Rosmit Mantilla, Ronny Navarro e Inés González
(@inesitaterrible). No entanto, nas diferentes sedes da Sebin existem outros
detidos que são invisíveis para a maioria das pessoas. Uma senhora de 55 anos
com sérios problemas de saúde, um homem com tuberculose, o vigia de uma ONG, um
grupo de muçulmanos e até uma esteticista estão na lista de presos políticos do
governo da Venezuela. Também há seis tuiteiros presos: Leonel Sánchez, Inés
González, Víctor Ugas, Lessy Marcano, Ginnete Guerrero e María Magaly
Contreras. O advogado e professor universitário José Vicente Haro explicou sua
definição de políticos presos e presos políticos: — Os primeiros são pessoas
que fizeram política a vida toda, que militam em partidos e inclusive exercem
cargos de representação, e que lamentavelmente estão presos pela ação do
Estado. Mas os presos políticos são os cidadãos comuns, que não militam em
partido e simplesmente decidiram exercer seus direitos ao protesto, à expressão
e foram presos e julgados por isso — analisa Haro. A advogada e diretora da ONG
Fundação para o Devido Processo (que monitora violações de direitos humanos),
Jaqueline Sandoval, considera que o número atual de presos políticos revela
três coisas sobre o atual governo: “sua inseguridade no exercício do poder, seu
temor de que a sociedade se rebele contra suas péssimas políticas e sua
consciência de que tem menos apoio”. — Muitos dos presos políticos são jovens,
estudantes ou profissionais que se preocupam com o destino do país, e são eles
que o governo vê como inimigos, os que pensam diferente — afirma Jaqueline. ( Fonte
Sitio O Globo ).